A presença das mitologias e divindades da cultura banta e nagô chegou ao Brasil através do período da escravidão. Compreender a inserção destas divindades em uma nova terra cujo dominador era cristão católico necessitou de sincretismos e transformações culturais e simbólicas. Isto foi facilitado porque o catolicismo existente era o popular e não teológico. Neste contexto a prática religiosa católica se expressava mais como monolatrista e politeísta do que monoteísta. Este estudo analisa a construção do sistema monoteísta judaico-cristão e explora um pouco a discussão teórica estabelecida entre psicologia analítica clássica e a psicologia arquetípica. Neste contexto, Exu no Candomblé apresenta características de um Hermes africano, comungando com divindades de outras culturas traços semelhantes. Estas características o distanciam da concepção do diabo cristão, transitando além dos limites de bem e mal. Quando do surgimento da Umbanda, Exu adquire outros contornos e outra simbologia, por interferência da polaridade bem e mal presentes no cristianismo e no Kardecismo. Passa a ser o representante de conteúdos sombrios individuais e sociais, até identificar-se completamente com o mal nos cultos de Quimbanda. Neste estudo analisamos a amplitude de significações religiosas e psicológicas que Exu assume na cultura brasileira, amplificando sua compreensão simbólica para além de preconceitos e distorções de sua significação.
Palavras Chave: Exu, candomblé, umbanda, psicologia analítica, C. G. Jung
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